quinta-feira, 14 de abril de 2011

A personificação da hipocrisia

Todos os dias morrem pessoas, e as pessoas morrem de tantos modos! Se você parar para perceber, há mais formas de morrer do que de viver, há mais doenças mortais do que cura para elas, há mais tratamento placebo para a loucura do que tudo, uma pessoa que tem uma esquizofrenia pode apresentar as mesmas caracteríscas (ou seja, sintomas) que um oligofrênico, um retardado, um depressivo, um boderline... Mas isso aí é outra história.
A morte é uma coisa com a qual convivemos todos os dias, é só ligar a televisão ao meio dia, exatamente na hora do almoço depois dos esportes, bem na hora que a maioria das pessoas estão disponíveis do trabalho, ou seja estão no intervalo, nada mais estratégico para promover as notícias, porque ronda geral, cardinot e Aqui PE são tão populares? Tão conhecidos, eu nem posso e nem sou ninguém pra condenar o que as pessoas assistem, mas tenho minha opinião diante disso, não acho que devemos negar que essas coisas acontecem todo dia, sim, claro que não devemos virar as costas, mas também da mesma forma pode perceber como esses programas sensacionalisam o problema, eles riem, reprisam... Uma verdadeira comédia! E as pessoas riem, verdadeira política do pão e circo, os escravos gladiadores lá embaixo enfrentando os tigres e logo acima a população rindo e recebendo pão do imperador, endeusando um imbecil.
Assassinato é uma coisa comum hoje em dia, é banal, não há mais preocupação com a vida, é só aceitar o estado geral e deixar que assim seja é só comprar o Aqui PE por R$ 0,25 que você tem acesso à notícia...
Mas o maior problema é que a gente vê essas coisas e nunca acha que pode acontecer com a gente, o mundo dos livros para quem é ávido leitor parece ser o mundo ideal, talvez por isso não parem de ler, na época em que Machado de Assis escreveu Dom Casmurro talvez o crime não fosse assim tão banal quanto é agora, e as pessoas se horrorizavam quando acontecia; não muito diferente de hoje, as pessoas ainda se horrorizam, a diferença é que pra isso ocorrer agora o crime tem que ser fora do comum, tem que ser coisa de filme, coisa que só interessa por que foge da banalidade, simples assim.
Ninguém acha que seu filho pode ser sequestrado, morto, estuprado, ou torce pra que não aconteça; assim como também não pensa que ele pode ser um assassino; ninguém ensina seu filho que não deve andar expondo o celular pelo meio da rua pra não ser assaltado.
A verdade é que criança nenhuma esta preparada a lidar com a violência, é nessa fase da vida que o ser humano é mais fortemente influenciável, a fase que reflete no homem ou mulher que seríamos um dia.
A violência vai partindo desde a infância, dentro das escolas, lá dentro vão acontecendo coisas que você gostaria de duvidar que não pudessem acontecer.
E aí vem esse pânico social depois de um rapaz entrar em uma escola e assassinar 12 crianças; loucura? Desespero? Todo mundo se pergunta por que, ao mesmo tempo que desejam que um cara como Wellington vá para o inferno, se é que ele existe, ou que nome o inferno tenha lá no beleléu.
Essas mesmas pessoas são as que organizam aquelas passeatas e escrevem "paz" no meio do cara, as mesmas pessoas que fazem cultos ecumênicos e ficam no meio da rua na frente da delegacia gritando "justiça", as mesmas senhoras que vão para a igreja aos domingos e rezam pelo parente desejando que o assassino tenha o mesmo fim, é revoltante! Ter alguém na família morto é terrível, desesperante, mas nós também somos muito egoístas, essas mesmas pessoas só gritam ali por que se trata do SEU filho, muitas vezes essas são as mesmas pessoas que não oferecem lugar a idosos e pessoas com deficiência no ônibus, as mesmas que não pagam seus impostos corretamente e ligam pra central de atendimento do seu cartão de crédito pra xingar o atendente por que veio juros na fatura e que a mesma veio após o vencimento,quando sabia que tinha algo pra pagar e não ligou antes.
A verdade é que as pessoas só se importam quando se tratam de seus direitos interrompidos, os deveres ninguém quer cumprir!
Bem, Wellington também tinha mãe, e como será que a mãe dele se sente? Ser mãe de uma vítima talvez seja mais fácil pra pedir consolo e solidariedade das pessoas, e quanto a ser a mãe do assassino? Que tal você ler "Precisamos falar sobre o Kevin" hein?
Todo mundo desejar que seu filho morra, aquele produto de alegria que você teve um dia fazer isso, e os repórteres cercando sua casa...
As pessoas entendem a morte como uma punição terrível, só que para quem morre pode ser um alívio... Ou não, morrer é fácil demais, viver é muito mais difícil.

HIPOCRISIA: sf. 1. Afetação de Virtude ou sentimento que não se tem. 2. Fingimento, falsidade.




Baixe o livro "Precisamos falar sobre o Kevin":

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3 comentários:

Lucius disse...

Muito interessante esse trecho que fala sobre nunca pensarmos que nossos filhos podem ser os assassinos mas apenas as vítimas,rs. Isso é natural do humano, muito interessante mesmo Gostei muito e decidi fazer uma postagem a cerca disso. " O homem que julga" lá no meu blog: www.lucius-thetruth.blogspot.com

Marília disse...

Pow, que bom que você gostou Lucius, tipo, quando escrevi este texto estava bem exaltada, opinei sinceramente aí, espero que tenha te dado uma boa idéia pra você formular um post, que por sinal estou indo ver agorinha...

Lucius disse...

rs, sim foi um comentário muito "inovador". Não se vê as pessoas comentando sobre isso, porque estão o tempo todo preocupadas com vingança e punições, não lhes importa o perdão, essa é a mais pura verdade.